A #dica de hoje é uma série muito amada e, de fato, encantadora. Desconheço quem não se apaixonou pela ruivinha Anne já no piloto da série – e atenção: ter um bom, aliás, excelente piloto é fundamental para a fidelização do espectador e sucesso deste formato de produto audiovisual.
A minha #2ª dica é:
ANNE WITH AN E (Canadá, 2017) – Disponível na NETFLIX
Criada por Moira Walley-Beckett
Sinopse: Neste filme baseado no livro “Anne de Green Gables”, uma impetuosa órfã é adotada por engano por um casal de irmãos solteirões do interior.
Esta não é a primeira adaptação da famosa obra literária de Lucy Maud Montgomery, considerada um dos maiores clássicos da literatura canadense, mas sem dúvida é a mais popular.
Com um piloto atípico de 88 minutos, quase um longa-metragem, somos apresentados à Anne, uma menina órfã que viaja para encontrar seus novos pais adotivos. Acostumada a usar a imaginação e a literatura para fugir de sua dura realidade, a menina se encanta com a linda paisagem a caminho da fazenda de Green Gables, onde será seu novo lar, e parece ser o primeiro momento de felicidade real em sua vida, o que é muito emocionante.
Não vou entrar em detalhes pois não quero dar spoiler, mas Anne, logo de cara, precisa enfrentar o machismo e provar aos irmãos que a adotaram que é tão capaz de realizar as tarefas da fazenda como qualquer menino. E assim, de forma leve e comovente, a série toca em diversos assuntos sociais fundamentais: feminismo, bullying, racismo, homossexualidade, pertencimento, aceitação, a importância do afeto no cuidado de crianças (que hoje parece óbvio, mas nem sempre foi assim)… isso tudo em 1890. Uma tarefa difícil, certo?
A paixão está em cada detalhe da série – desde a encantadora abertura, baseada em oito pinturas sensacionais do artista Brad Kunkle e dirigida por Allan Willians, do Studio Imaginary Forces, famoso pela criação da abertura de Stranger Things e Mad Man (para saber mais, clique aqui); passando pela reconstrução detalhada da época e a incrível direção de fotografia; até a escolha dos títulos de cada episódios, que são citações de Jane Eyre (1847), escrito por Charlotte Brontë, o livro preferido de Anne.
Como produtora, acredito que houve uma grande preocupação dos realizadores na escolha da protagonista, pois apesar de trazer muitos personagens interessantes, Anne é a alma da série. E não é um papel fácil. Romântica, inquieta, faladeira e, às vezes, irritante, o papel da ruivinha foi disputado por aproximadamente 1800 meninas em três continentes. Amybeth McNulty, atriz irlando-canadense, foi a escolhida. Ao contrário do que muitos pensam, ela não é ruiva e não tem sardas – parabéns à equipe de caracterização!!
Uma questão interessante de produção é o fato de que as fazendas e ilhas citadas nos livros e nas séries são baseadas em locações reais. A província da Ilha do Príncipe Eduardo e a fazenda Green Gables tornaram-se grandes pontos turísticos no Canadá devido ao sucesso do livro, sendo até hoje visitados por fãs. Entretanto, a maior parte da série da CBC/Netflix é filmada em Ontario, tendo poucas cenas gravadas nesses locais, devido ao grande valor cobrado para locação dos espaços. Essa é uma prática comum no mercado audiovisual. Geralmente o custo/benefício da reprodução de cenários é mais interessante, não só pelo valor da própria locação, mas todos os serviços que envolve – hospedagem, alimentação, transporte, etc.
Infelizmente, a produção foi cancelada e a NETFLIX anunciou a 3ª temporada como última da série com o argumento de baixa audiência. Muitos fãs se mobilizaram, criaram petições e até protestaram na Times Square, utilizando um outdoor na avenida principal da cidade (um dos mais caros do mundo), algo inédito para este propósito! “Pronto para lutar pelo que é certo?”, dizia o anúncio. A Disney+ demonstrou interesse em continuar a história, mas ainda não há nada confirmado.
Com uma abordagem muito delicada, personagens complexos e história de heroísmo feminino em um contexto que o protagonismo era ainda mais negado às mulheres, Anne With An E realiza com maestria esta difícil adaptação. Quanto mais popular uma obra literária, mais difícil a transposição para o audiovisual, pois mais exigentes sãos os fãs e mais expectativa se cria para a produção. E eu, como produtora, estaria extremamente realizada com essa demonstração de afeto do público! Esse é o maior sucesso que um trabalho pode ter!
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